O tumor na coluna apesar de raro na população em geral é uma patologia frequente do atendimento neurocirúrgico. Podem causar quadros puramente de dor na coluna causadas pela infiltração óssea, até fraturas ou acometimento o sistema nervoso central, causando prejuízos sensoriais e/ou motores no indivíduo.

Em alguns casos, pode-se ter a perda do controle voluntário da bexiga e do intestino levando a quadros de incontinência. Os tumores podem ser primários da coluna ou provenientes de lesões à distância (metástases). Sítios comuns de tumores em outros órgãos são mama, próstata, trato gastro-intestinal, pele, tireoide e pulmão.

Além dos sintomas envolvendo as alterações sensoriais e neurofisiológicas por conta da sinalização da medula espinhal, o paciente acometido por um tumor na coluna costuma apresentar outros sintomas, como por exemplo:

Tratando os sintomas do tumor na coluna

O manejo clínico desta desafiadora patologia requer tratamento dos sintomas e o tratamento oncológico. Além do alívio da dor ou reversão dos comprometimentos neurológicos, deve ser avaliada possível instabilidade da coluna (incapacidade de sustentação esquelética) e diagnóstico do tipo histológico do tumor. Muitas vezes consegue-se diagnosticar o tumor primário (outro órgão) com a biópsia da lesão na coluna, permitindo investigação e tratamento oncológico completo. Quanto ao controle dos sintomas, temos:

1 – Dor

Sintoma mais comum de apresentação dos tumores de coluna. O tratamento com medicamentos analgésicos costumam ser bastante efetivos. Além disso, em muitos casos o tratamento quimioterápico e/ou radioterápico do câncer também pode auxiliar na redução da dor por controle local, não necessitando de cirurgia.

Tratamentos como fisioterapia e acupuntura também podem ser bastante efetivos no auxílio do controle da dor. Em casos paliativos, tratamentos funcionais para modulação e controle da dor com bombas de medicamentos ou eletrodos medulares podem ser alternativas para melhora da qualidade de vida.

2 – Fraturas

As fraturas ósseas ocorrem geralmente por infiltração tumoral e destruição da vértebra. Alguns tumores da coluna apresentam essa característica, favorecendo o aparecimento dessas fraturas. Quanto antes se diagnostica uma infiltração tumoral na coluna, mais precocemente pode ser instituído o tratamento diminuindo assim o risco de fratura.

Em casos de fraturas já ocorridas, a avaliação de instabilidade da coluna e compressões de estruturas neurais (medula ou raízes nervosas) é fundamental para se prevenir sequelas neurológicas. A presença de fratura também é causa importante de dor. Quando tratada a instabilidade mecânica aumenta a chance de controle da dor.

3 – Sintomas neurológicos de tumor na coluna

Os sintomas relacionados às alterações da medula espinhal e raízes são preocupantes por se tratar de possível irreversibilidade. Muitas lesões podem ter alterações que após certo tempo podem não mais serem recuperadas (mesmo com cirurgias tardias).

Quanto menor o tempo de compressão e sintomas maior a chance de recuperação. Isso vai depender de local da lesão, grau de compressão e tempo de acometimento. A perda do controle do movimento dos membros, alterações sensitivas e alterações de função miccional e para evacuar são os principais sintomas de compressão de estruturas neurológicas. Nesses casos, em geral, uma cirurgia para descompressão de urgência se faz necessária.

Terapias de fisioterapia são fundamentais para estímulo neurológico e tentativa de recuperação das funções. O diagnóstico precoce é fundamental para evitarmos quadros de perdas irreversíveis, além de se afastar outras patologias não oncológicas.

4 – Tratamento oncológico

O tratamento da doença oncológica é fundamental para o controle a longo prazo. Os tumores primários da coluna tendem a ter um melhor prognóstico e muitas vezes a cirurgia é necessária (desde uma biópsia para definir o tipo de tumor até ressecções radicais). Casos de lesões à distância podem se beneficiar de tratamentos adjuvantes (radioterapia e quimioterapia).

1 – Cirurgia

A cirurgia para a remoção do tumor geralmente é o tratamento inicial. A obtenção de amostra da lesão (biópsia) para se definir o tipo histológico é fundamental para se definir qual tumor estamos tratando, definir se é uma lesão primária da coluna ou metástase (lesão proveniente de tumor em outro órgão), se é benigna ou maligna,  predizer o grau de malignidade (invasão, taxa de crescimento) e poder estabelecer um possível prognóstico da doença (como deve se comportar, chances de tratamento, grau de resposta aos tratamentos e em alguns casos expectativa de vida).

Algumas vezes na retirada dessa amostra é possível uma ressecção completa da lesão. O avanço dos exames de imagem permitem com uma certa precisão o diagnóstico oncológico mais provável, permitindo ao cirurgião a avaliação entre cirurgia radical ou biópsia.

Em casos de metástases, as biópsias podem ser realizadas no possível órgão primário, permitindo ao cirurgião a decisão sobre o melhor tratamento da lesão na coluna já com o tipo tumoral definido. As decisões dependem das alterações neurológicas, instabilidade e grau de agressão da própria cirurgia em relação aos aspectos clínicos e de prognóstico da doença.

2 – Quimioterapia

O tratamento através da quimioterapia costuma ser a primeira escolha em alguns tipos de câncer. São aplicações de medicamento(s) para atuação sistêmica. Sempre a avaliação de sua indicação depende do tipo de tumor e sua possível disseminação pelo corpo. O especialista que realiza essa avaliação é o Oncologista e quem segue sua resposta, efeitos colaterais e possíveis indicações de “novos ciclos” de terapia. O especialista de coluna acompanha a resposta do tratamento na coluna e possíveis fraturas e instabilidades causadas pela doença.

3 – Radioterapia

A radioterapia é uma intervenção efetiva para o tratamento de diversos tipos de tumores na coluna.  A radiação age no comando de reprodução das células tumorais, ocasionando a morte do tecido ou mesmo controle de crescimento. Cada tipo tumoral apresenta também uma resposta diferente ao efeito da radiação, sendo alguns mais sensíveis e outros mais resistentes. A definição de indicação de radioterapia depende da discussão entre o cirurgião de coluna, oncologista e o radioterapeuta. A radiação apresenta doses limites de exposição do indivíduo e também deve-se levar em consideração.

4 – Intervenções combinadas

O tratamento mais efetivo para casos onde se observa tumor na coluna é o tratamento combinado de cirurgia com radioterapia e quimioterapia. Nem todos os tipos tumorais necessitam das 3 modalidades terapêuticas, mas devem sempre ser consideradas nesses tratamentos. Por isso que os tratamentos de doenças oncológicas necessitam de equipes multi-disciplinares alinhadas para que as melhores decisões possam ser tomadas e quais passos serão realizados em ordem de prioridade.

Conclusão

Como discutido, o tumor na coluna é uma patologia relativamente rara, mas que compromete a qualidade de vida e a autonomia do indivíduo. Além disso, seus sintomas clínicos iniciais podem ser incorretamente associados a outras patologias.

Quando estamos diante de tumores o tempo é nosso maior inimigo. Por isso, se você deseja ter qualidade de vida o ideal é cuidar da sua saúde diariamente, desde a prevenção até o aparecimento das primeiras suspeitas.

 

Fonte:  https://www.neuroconceito.com.br/tumor-na-coluna/

 

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