As fraturas vertebrais de compressão (VCF) são uma condição comum, e às vezes debilitante. Cerca de 85% das fraturas vertebrais de compressão são resultantes de osteoporose.
De acordo com a Fundação Nacional de Osteoporose, ocorrem anualmente cerca de 700.000 VCFs somente nos Estados Unidos. Um em cada três pacientes apresenta um evento agudo de dor.
As fraturas vertebrais de compressão habitualmente ocorrem no meio da coluna em T11-T12 e L1 com uma distribuição normal de curva de sino. Em conseqüência de uma VCF, a forma e resistência da coluna podem ser alteradas permanentemente. Caso deixada sem tratamento, uma VCF pode consolidar numa posição maléfica, que têm sido associada a riscos a longo prazo para a coluna espinal.
As fraturas vertebrais de compressão podem resultar numa perda de altura do órgão vertebral e cifose. Quer clinicamente diagnosticadas ou não, VCFs estão associadas a um risco maior de outra VCF, futura fratura não vertebral, redução na função pulmonar, redução no apetite, hospitalização e mortalidade.
Devido às complicações associadas, intervenção precoce poderá ser feita para evitar comprometimento neurológico/funcional e lesão cardio-pulmonar, adicionais, nesta população de pacientes geralmente em risco. Mulheres com VCF clinicamente diagnosticada têm uma taxa de mortalidade de 1,23 vezes maior para sua idade que as mulheres que não sofrem dessa condição. Cifose e compressão torácica produzem uma redução moderada (10%) na capacidade funcional vital (FVC), e a diferença é maior com osteoporose mais grave. Os pacientes tendo uma segunda VCF, freqüentemente sofrem de ansiedade, inatividade, dor e depressão.
Diagnóstico
Uma radiografia da coluna geralmente confirmará a presença de uma VCF. Poderão ser realizados exames como Tomografia Computadorizada (TC) para determinar se existem riscos neurológicos decorrentes da fratura. Um exame de cintilografia óssea é freqüentemente realizado para determinar a idade da fratura.
O exame de Ressonância Nuclear Magnética é hoje considerado padrão para diferenciar fraturas vertebrais osteoporóticas daquelas determinadas por infiltração tumoral.
Nos casos em que após a Ressonância ainda existir dúvida quanto ao diagnóstico da causa da fratura, deverá ser realizada biópsia, preferencialmente guiada por Tomografia.
Opções de Tratamento
O tratamento clínico com medicações analgésicas, redução no nível de atividade e órteses têm sido historicamente prescrito para VCF. Entretanto, muitos pacientes não respondem a isso e ficam com dor persistente e mobilidade limitada. Adicionalmente, o tratamento clínico não restabelece o alinhamento espinal, nem a altura vertebral.
Redução nas atividades e repouso no leito aceleram a perda óssea e levam à deterioração muscular, o que resulta em dor contínua. Ademais, a terapia conservadora e atividade reduzida são especialmente indesejáveis para uma população de pacientes que freqüentemente já têm os sistemas pulmonares e cardiovasculares comprometidos, e freqüentemente ocasionam mais perda de altura vertebral.
O tratamento preconizado consiste em:
- Órteses tipo OTLS para fraturas torácicas e lombares altas ou tipo Putti para fraturas de L4 ou L5, por um período de 3 a 4 meses nos casos de fraturas agudas ou por apenas algumas semanas nos casos crônicos, somente para alívio da dor;
- Tratamento da osteoporose conforme descrito previamente com uso de alendronato, carbonato de cálcio e opcionalmente anabolizantes. A reposição hormonal é discutível e depende de avaliação do ginecologista;
- Tratamento da dor com analgésicos, calcitonina, opióides em caso de necessidade e anti-inflamatórios quando não houver contra-indicações;
- Fisioterapia para manutenção do trofismo e evitar maior perda óssea e muscular;
- Controle radiológico seriado;
- Estímulo à prática de atividade física após a consolidação da fratura;
- Profilaxia de novas fraturas mantendo o tratamento da osteoporose, praticando atividade física e adaptando a moradia do idoso para torná-la mais segura.
- Vertebroplastia para casos de falha do tratamento conservador por pelo menos três meses.
Nos anos 80, a vertebroplastia foi inicialmente descrita como um método para tratar de tumores no órgão vertebral, com a intenção de aliviar a dor e estabilizar a fratura. A vertebroplastia inclui injeção percutânea, orientada por TC ou fluoroscópio, de uma mistura de cimento ósseo de poli-metil-acrilato (PMMA) e um agente de contraste, nos órgãos vertebrais.
Nos anos 90, a vertebroplastia evoluiu com o desenvolvimento da cifoplastia. Um instrumento cirúrgico é utilizado para elevar ou expandir a vértebra. O espaço criado é então preenchido com a mistura de cimento ósseo. A cifoplastia se destina a corrigir a deformação e restaurar a altura do órgão vertebral.
A vertebroplastia vem se tornando um método comum no tratamento de VCFs dolorosas agudas e subagudas, mas no entanto as evidências científicas são escassas e controversas para embasar esse tipo de tratamento. Ensaios randomizados recentes comparando os resultados de procedimentos simulados, sem a introdução de cimento, e vertebroplastias, não mostraram diferenças significativas na evolução dos casos em seguimentos de até 6 meses, pondo em dúvida se realmente há benefício na realização do procedimento. Em contrapartida, estudos também randomizados comparando os resultados de vertebroplastia com os de tratamento conservador em VCFs agudas sugerem que o alívio da dor é imediato e sustentado por pelo menos um ano e é significativamente maior que o conseguido com tratamento conservador, conseguido de forma segura e eficaz, a um custo aceitável.
Apesar da controvérsia, literatura tende a aceitar que a vertebroplastia confere alívio da dor, geralmente dentro de 72 horas do procedimento, em cerca de 70% a 90% dos pacientes. Os índices gerais de complicações variam de 1% a 10%. A maior parte das complicações são menores. A maioria está relacionada a vazamento de PMMA para estruturas adjacentes, o que é tipicamente assintomático. O vazamento é atribuído à destruição do córtex ou fratura vertebral, ou infecção no plexo venoso vertebral. Vazamentos venosos podem resultar em compressão de nervo ou do cordão espinal, e podem causar embolia pulmonar. A orientação fluoroscópica parece apropriada para evitar extravazamento sintomático. Compressão ou dano devidos ao efeito exotérmico de PMMA podem ocasionar danos às raízes dos nervos ou ao cordão espinal. Resultados publicados dos estudos iniciais de cifoplastia mostram resultados comparáveis de pronta melhoria na dor e função, bem como restauração limitada da altura do órgão vertebral, e índices similares de complicações.
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