É a compressão da medula causada pela formação de bicos de papagaio, de hérnia de disco, da ossificação do ligamento longitudinal posterior ou do ligamento amarelo na região do pescoço/coluna cervical. Nem todo problema na coluna é hérnia de disco, portanto o cirurgião especialista em coluna sempre deve ser consultado. A medula leva os movimentos e traz as sensações de todo o corpo, quando ela é comprimida sua função pode ficar comprometida. Os principais sintomas são dor cervical com irradiação para os membros superiores, dificuldade de movimento das mãos e membros superiores, dificuldade para andar, alterações urinárias, alterações da sensibilidade em algumas regiões do corpo. Clinicamente ela deve ser classificada como leve, moderada ou grave de acordo com a gravidade dos sinais e sintomas, ou seja pela avaliação médica presencial e a correlação com alterações específicas nos exames de imagem deve ser feita para o adequado diagnóstico e conduta (cirúrgica ou clínica).

A incidência da mielopatia está entre 41 e 605 pacientes para cada milhão de pessoas.

Fisiopatologicamente pode ser causada pela compressão estática dos bicos de papagaio, alinhamento cervical inadequado, ou perda da lordose fisiológica que resulta na tensão da medula espinhal e alterações do suprimento vascular da medula ao longo do tempo, ou mesmo de fatores dinâmicos relacionados a movimentação da coluna cervical sobre a medula já comprimida. A falta de sangue ou alterações vasculares levam a inflamação progressiva e isquemia.

Fatores ocupacionais como o transporte de objetos por sobre a cabeça podem acelerar o processo. O Tabagismo e o diabetes são causas externas potencializantes.

Os potenciais fatores genéticos incluem alterações no MMP-2 e colágeno tipo 9 para doença degenerativa do disco e colágeno tipo 6 e 11 para ossificação do ligamento longitudinal posterior.

Doenças congênitas como a estenose do canal vertebral, síndrome de Down e Klippel-Feil podem predispor o indivíduo a mielopatia.

A ressonância magnética de coluna cervical, tomografia de coluna cervical e radiografia dinâmica da coluna cervical são exames essenciais para o correto diagnóstico e direcionamento do tratamento. No entanto, a clínica do paciente que indica o melhor tratamento.

A cirurgia não é somente o último recurso no paciente que apresenta mielopatia espondilótica e tem o objetivo de evitar a progressão do déficit neurológico, bem como a possibilidade de permitir que o paciente recupere-se de déficit neurológico já instalado previamente com melhora funcional. Tal evidência científica é recente e os esforços da medicina são constantes no aprimoramento do tratamento desta doença pois ela gera perda econômica importante ao retirar pacientes em idade de vida produtiva de suas atividades, custos altos com a incapacidade do indivíduo por necessidade de insumos e serviços de saúde constantes para cuidados e reabilitação, além de impacto doméstico importante por requerer cuidados de terceiros.

Considerando os dados acima, foi publicado artigo de consenso no tratamento da mielopatia espondilótica cervical na revista Global Spine Journal que considerada pacientes com mielopatia espondilótica moderada e grave (pela escala japonesa ortopédica modificada) como tendo indicação absoluta de descompressão cirúrgica. Nos casos com mielopatia leve a cirurgia deve ser oferecida, no entanto o paciente ainda pode ser acompanhado clinicamente com exames periódicos de imagem e exame clínico com reclassificação na escala acima citada. Fatores que recomendam a cirurgia em pacientes com mielopatia leve pois são preditivos de piora clínica ao longo do tempo incluem alterações de radiculopatia no exame de eletroneuromiografia.

Do ponto de vista clínico, a reabilitação com fisioterapia é fundamental nos cuidados pré e pós-operatórios destes pacientes. No entanto, não há um protocolo específico com efetividade definitiva na literatura e a reabilitação deve ser considerada em cada caso.

Do ponto de vista cirúrgico, há várias possibilidades e os exames de imagem costumam guiar qual a melhor conduta nos diferentes casos:

  1. Uso do acesso pela porção anterior do pescoço com retirada de vários discos: utilizada quando o paciente apresenta deformidade cifótica, doença ao nível do disco e deformidade redutível (daí a importância de todos os exames citados acima).

  2. Uso de acesso pela via anterior do pescoço com retirada de um corpo da vértebra e fusão: utilizada quando o paciente apresenta compressão que se estende atrás do corpo vertebral e não somente ao nível do disco.

  3. Técnica de cirurgia via posterior – retirada das lâminas e fusão com parafusos e hastes: utilizada em pacientes que apresentam doença multiníveis, com relativa preservação da lordose cervical (relativa pois é necessária a avaliação do alinhamento sagital nestes pacientes). Esta técnica permite múltiplas foraminotomias ou seja a liberação de várias raízes cervicais.

  4. Técnica de cirurgia via posterior – abertura das lâminas e fixação destas com placas, no entanto sem fusão (retirada do movimento), chamada laminoplastia: técnica boa para o estreitamento do canal cervical em múltiplos níveis com preservação da lordose e não deve ser indicada quando o paciente apresenta cifose significativa ou hiperlordose.

  5. Técnica de cirurgia combinada pela frente e por trás: deve ser utilizada quando o paciente apresenta cifose rígida, compressão combinada pelo disco e/ ou corpo vertebral na região anterior e pela lâmina e ligamento amarelo na parte posterior, quando o paciente apresenta necessidade de corpectomia de múltiplos níveis (retirada de vários corpos vertebrais) ou quando paciente apresenta banda de tensão posterior.

Fonte: https://www.dreloyrusafa.com/post/o-que-%C3%A9-mielopatia-espondil%C3%B3tica-cervical

 

#drfelipebarreto

#dr.felipebarreto

#felipebarretoneuro

#neurocirurgia

#neurocirurgiadrfelipebarreto

#neurologiadr.felipebarreto

#mielopatia

#mielopatiacervical

#mielopatiaespondiloticacervical

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *